segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Novela de uma gordinha - 3° parte

Vamos pra terceira parte da novela... Adianto que essa é uma obra de TOTAL ficção....
Beijos da Maya

A mulher serena

Já haviam se passado seis semanas desde o dia da aposta. Com exatos menos 10kgs sem dieta. Eu e a Mari tínhamos nos tornado unha e carne, e passamos a nos encontrar no meio da semana. Na hora do almoço, na hora da saída do trabalho. A cada dia eu via uma mulher que apesar de ter porte franzinho e pequeno, era extraordinária, em perfeito equilíbrio. Serena e calma, mas firme e determinada. Mari fora trazida para a mesa naquela noite por Miriam. Miriam dissera que era uma prima distante que tinha acabado de se mudar para a cidade. Precisava conhecer e se enturmar para uma nova vida. Em um dia no domingo conversávamos trivialidades. Mais sobre crianças e decoração de casa (Patchwork, obviamente, a minha nova paixão!) Eu a essa altura já tinha terminado o jogo de 6 almofadas que agora decoravam a minha sala. TJ brincava na sala com os milhares de retalhos que eu havia comprado que faria parte de sua nova manta.  Eu ainda estava indecisa entre tantas opções enquanto TJ só falava "verde! verde! verde"  Mari me ajudava entre os muitos tecidos decidir o que colocar. TJ adorava cavaleiros e espadas. Minha idéia então foi montar uma manta com gazelas e cervos, uma floresta e um arqueiro ao fundo. Tudo bem verde como pedia o pequeno TJ.  Mas ainda tinha alguma dificuldade de ver o resultado final enquanto Mari parecia ter um "terceiro olho". Ainda não me sentia segura o suficiente para me lançar em um "trabalho de Hércules" como aquele mas me sentia animada. Ela colocou alguns retalhos no meu colo para me decidir pelas cores dos cervos, mas aos meus olhos os faziam parecer iguais. Vendo a minha indecisão, ela puxou uma grande sacola.
- Talvez isso ajude...
De dentro da bolsa surgiu uma linda manta infantil branca e rosa, com um aplique de ursinho dormindo em uma nuvem (rosa) e estrelas ao fundo. Ela havia aproveitado a estampa de um tecido e só deu fundo e mais cor. Um belo trabalho que aos olhos de uma leiga pareceria simples, mas mesmo eu, apenas uma aprendiz via que era um trabalho bem difícil de se fazer. Ela tinha respeitado os limites do ursinho mesclando linha preta e marrom. Além de não ter nem uma falha... eu passei a mão nos apliques de estrelas feitos com cetim amarelo claro e rosa bebê(tecido bem difícil de se trabalhar), dando suavidade ao todo quadro...
- é Linda... Você quem fez? - Mari acenou positivamente. Ela começou a apontar para os detalhes do ursinho...
- Vê essas cores? São meros detalhes mas que se tivessem sido escolhidos de forma errada ficariam em desarmonia... - Ela puxou os retalhos para o próprio colo. - Assim como esses daqui. Se eles forem claros demais ou escuros demais para o fundo que vc for aplicar, vão ficar destoantes e chamar mais a atenção... E quem tem que brilhar é todo quadro, certo?
- ROBIN HOOD! Mamãe vai me fazer um cobertor do Robin Hood! - TJ encostou o rostinho sorridente nas penas de Mari. Mas não ficou muito tempo. Logo ele correu para o quarto para pegar um dos seus arcos ou espadas de brinquedo. Eu suspirei separando os retalhos escolhidos.
- Eu só espero terminar essa manta antes que ele perca esse interesse todo ou que ainda ele possa usá-la! - Eu deixei os retalhos de lado e me voltei a manta que Mari tinha trazido. Era um belo trabalho mesmo... - Será que eu ainda faço algo assim?
Mari sorriu para mim.
- Claro! Se vc realmente quiser. Assim como a arte de fazer mantas, é nossa vida, Nara. Não podemos ser extremistas. Ser escura demais ou brilhante demais atrapalha tudo que está a nossa volta... Se vc é escura demais, passa desarpecebido. Se é brilhante demais pessoas vão se afastar por causa do seu brilho, apesar de vc ser a coisa que mais aparece! - Nós rimos da piada de duplo sentido. Mari passou a mão na manta com carinho e tornou a guardá-la.
- Para quem fez essa manta? - Mari fechou a bolsa e tornou a mexer nos retalhos.
- Para minha filha. A minha estrelinha Agnes. - Olhei surpresa para Mari. Ela aparentava ser nova demais para ter filhos e o apartamento dela mais seu estilo de vida era de uma pessoa solteira sem filhos.
- Não sabia que tinha filhos!
- E não tenho. Agnes não chegou a ver a luz do dia e nem a usar a manta. Morreu horas depois do parto... A gravidez de Agnes foi uma gravidez difícil, de alto risco, sabe? Mas nos meses seguintes da descoberta eu fui feliz...
- Sinto muito. - Eu disse sem saber muito o que dizer.
- Não faz mal... Vc não tinha como saber... Veja... esse retalho é perfeito para as partes de pele do arqueiro... - Não voltamos mais a falar da pequena Agnes ou da manta Rosa. Mas depois que Mari se foi eu fiquei pensando... A gravidez de TJ também fora muito difícil... os únicos 2 anos da minha vida de adulta que eu me controlei relativo a comida...
Na segunda seguinte, fui até a casa de Mari para a pesagem e estudo do diário... O médico que tinhamos ido disse que eu andava bem! Colesterol tinha baixado... Não estava no ideal mas tinha diminuído bastante...
- Menos 800 g... - Disse Mari anotando no caderno. Qdo ela pegou a fita para as medidas eu não resisti.
- Faz tempo?
- Faz tempo o que?
- Que... vc sabe...
- Fala da Agnes? Para mim as vezes parece que foi ontem outras que foi em uma vida passada. Mas a minha estrelinha partiu a 6 anos...
- 6 Anos?? Nossa! E como foi? - Mari nesta hora parecia indiferente.
- Ela morreu devido à "Complicações no parto" Na verdade foi uma série de erros desde sua concepção. Meus e dos médicos... Hoje eu não penso muito nisso... Depois que Agnes partiu eu me senti a criatura mais asquerosa da terra...  Achei que nunca iria me reerguer mas eu consegui... - Ela depositou o diário na mesa e foi até a parte baixa da estante. Ela pegou um álbum e abriu me entregando.
- Veja... Essa sou eu, uma semana antes do parto... - Ao me entregar o album eu não acreditei. Havia uma pessoa enorme nas fotos, com rosto bem cheio que lembrava vagamente a mulher que estava a minha frente.
- Onde?  - Perguntei ainda tentando encontrar. Mari sorriu e apontou para a maior mulher da foto.
- Aqui. - Eu arregalei os olhos, e como toda gorda que quer emagrecer..
- QTO vc pesava aqui?? - Mari deu os ombros e mudou a página do álbum...
- No fim da gravidez eu estava com quase 150. Veja esta outra aqui... Sou eu e meu ex-marido... - Na foto tinha um homem alto e sério. Parecia muito mais velho que ela, e ele era bem magro... Não pude deixar de notar que formavam um casal bem bizarro.
- Quanto vc pesa hoje? - Mari sentou e pegou no álbum sorrindo.
- Peso 58. e mantenho esse peso a... 2 anos... Me separei não muito tempo depois que a minha estrelinha partiu... depois de quase... 8 anos de casada...
- Vc parece tão novinha... nem parece que passou por tudo isso....
- Ora, Nara.. tenho 34... Apesar de não parecer...
- Vc se enfiou em que SPA? Para per... emagrecer esse peso todo...  -Mari sorriu e começou a checar as pesagens..
- Eu não me enfiei em SPA nenhum... Eu.... - Ela suspirou. - Vc realmente quer saber disso? É uma história tão enfadonha... - Mas eu estava ávida de curiosidade.
- Sim!!! Eu quero saber! - Mari fechou o álbum e olhou para a janela.
- Bom...
[ Fim da terceira parte]

Gente, Update rapidinho pra divulgar o sorteio da Darlana do Sem Template...

Se vc é de Brasília e região, passe lá!

Um comentário:

Fabrícia Figueiredo disse...

oieeee!!!!
tô ansiosa para ler a quarta parte da novelaa!!!